Verificar alguns itens de desgaste é simples e evita que você caia em truques
Se você nunca chegou ao posto de combustível e lhe perguntaram se “a água (sic) e o óleo estão ok”, você provavelmente nunca reabasteceu seu carro. Mas tem uma forma de evitar essa pegadinha, que pode até danificar seu motor, e ainda garantir que seu veículo esteja sempre impecável.
Autoesporte elencou os principais itens que você pode verificar na sua própria casa, como checá-los e quais procedimentos tomar caso seja necessária alguma manutenção. Mas é importante reforçar: nunca tente efetuar consertos ou modificações em seu veículo se você não tiver conhecimento, e sempre faça as manutenções em oficinas ou concessionárias de sua confiança.
Para a reportagem foi usado o novo Peugeot 208, mas a localização dos reservatórios e da vareta do óleo podem ser diferentes do seu carro. Na dúvida nunca arrisque: o manual do proprietário sempre irá indicar onde fica cada compartimento no seu veículo.
Nível do óleo
Os frentistas dos postos geralmente são instruídos a oferecerem a verificação do nível do fluido lubrificante por um motivo simples: a vareta indicadora quase sempre irá acusar que há pouco óleo no motor. Isso acontece porque o líquido não desce rapidamente até o cárter após o motor ter sido desligado: é preciso esperar até meia hora para que todo o óleo escorra e seja possível verificar o nível.
É possível fazer essa checagem na sua própria garagem. Basta apenas que o carro esteja em um local plano, pois um desnível no solo pode fazer com que a vareta acuse mais ou menos óleo que a realidade — basta imaginar um copo de água inclinado, com menos líquido de um lado do que de outro.
O motor, naturalmente, precisa estar frio, então dê preferência para fazer a checagem geral no período da manhã ou nos finais de semana, antes de usar o carro. Depois de abrir o capô, localize a vareta indicadora (geralmente pintada em cores chamativas, mas, na dúvida, consulte sua posição no manual do proprietário). Tenha em mãos um pano de microfibra ou um pedaço de papel higiênico para fazer a limpeza da vareta. Importante: não use tecidos que soltem fiapos, como estopa, pois eles podem ficar presos na vareta e cair no óleo, com potencial para causar grandes prejuízos.
A checagem em si é simples: ao puxar a vareta com uma mão, use a outra com o pano para limpá-la conforme a retira do motor. Isso elimina resíduos que iriam atrapalhar a leitura. Após tirá-la completamente, coloque-a novamente no seu compartimento até o fim e retire, dessa vez sem limpá-la.
Na ponta da vareta normalmente terá duas indicações: a mínima é aquela mais próxima da ponta, enquanto a máxima é a que fica na parte superior. Os resquícios de óleo indicam onde está o nível: ele sempre deve estar entre as duas marcas, normalmente próximo da máxima.
Se houver menos ou mais óleo que o indicado o motor pode sofrer diferentes tipos de danos. Mas evite completar o óleo com fluido novo, e só o faça emergencialmente: a mistura de um lubrificante novo com o já usado no motor elimina qualquer propriedade do fluido mais recente.
Outro detalhe é que o consumo de óleo em motores modernos é muito baixo: via de regra, não há necessidade em completar o fluido dentro do intervalo de trocas. Se o seu carro estiver perdendo óleo muito rapidamente, leve-o ao mecânico para que ele possa identificar possíveis vazamentos.
Fluido de arrefecimento
Outro item favorito de nove entre dez postos de combustível, o fluido de arrefecimento (que não é só água) nunca deve ter seu nível verificado e seu compartimento aberto quando o motor está quente — e é exatamente isso que muitos frentistas ainda fazem.
Há dois problemas. O primeiro é o risco de queimaduras nas mãos ou até no rosto, já que pode sair vapor ou mesmo jatos do fluido — uma mistura de água e etilenoglicol — em alta pressão e temperatura após remover a tampa. O segundo envolve a ebulição do líquido, que ocorre assim que a pressão do ar no compartimento cai após o reservatório ser aberto. Essa ebulição gera bolhas que podem percorrer o circuito de arrefecimento, atingirem as válvulas que fazem o controle do fluido e bloquearem elas fechadas. Resultado: o motor pode superaquecer minutos após o funcionário do posto ter “completado a água” do radiador.
Evitar tudo isso é fácil e nem será preciso sujar as mãos. Para verificar o fluido basta encontrar a localização do reservatório (na dúvida, consulte o manual para não confundir os tanques) e checar onde estão as marcas mínimo e máximo. O fluido deve estar entre no meio das duas, ou próximo da linha superior.
Como o óleo, não é normal que o nível do fluido caia ao longo de sua vida útil. Mas neste caso é possível completar até o máximo na sua própria casa. O motor precisa estar frio e é preciso comprar o fluido de arrefecimento compatível com o seu veículo, conforme indicação do manual do condutor. É possível comprar o líquido de duas maneiras: já diluído, pronto para o uso, e concentrado, que deve ser misturado com água em uma proporção indicada pela fabricante.
Atenção: seja para misturar com o fluido concentrado, seja para colocar direto no reservatório, nunca coloque água de torneira no carro. Ela possui minerais que podem danificar a médio e longo prazo seu motor e sistema de refrigeração. O recomendado é usar água desmineralizada, que pode ser encontrada facilmente em lojas de autopeças.
Fluido de freio
A checagem desse fluido tem sido cada vez mais difícil, com a redução do espaço no cofre do motor e o próprio desinteresse do consumidor em fazer checagens por conta própria. Mas o nível correto do fluido é essencial: pouco líquido pode prejudicar ou até impedir que o carro freie de forma adequada.
Como outros líquidos, não há motivo para que o carro perca o fluido de freio dentro do intervalo de troca, e qualquer nível que não seja o máximo ou próximo dele indica um problema grave, que exige a verificação e reparo imediato.
O reservatório possui indicações de mínimo e máximo em sua parede, mas a esmagadora maioria dos carros modernos possui uma proteção extra: um pequeno sensor junto à tampa detecta se o líquido está perigosamente próximo do mínimo e avisa o motorista por meio de uma luz-espia no painel.
Pneus
Muita gente acha que um pneu gasto é somente aquele careca, quando não há mais sulcos aparentes. Mas a lei (e a segurança) têm o mínimo estabelecido: 1,6 mm. Se os sulcos do composto estiverem mais rasos que isso, além da multa, você pode estar correndo perigo, especialmente ao dirigir na chuva.
No entanto as fabricantes de pneus já oferecem há muito tempo um indicador visual do momento certo para a troca. Ele é chamado de TWI (indicador de desgaste da banda de rodagem, em inglês) e é sempre indicado pelas próprias iniciais ou por um triângulo, na lateral do pneu.
Após localizá-los, passe seu dedo nos sulcos exatamente ao lado da indicação. Você vai notar um pequeno ressalto, uma espécie de “lombada”, no fundo do sulco. Se o topo desse ressalto estiver alinhado com a parte mais externa da banda de rodagem, pode ir direto para o borracheiro: chegou a hora da troca.
Uma dica simples para facilitar a localização do ressalto, pelo menos nos pneus dianteiros, é virá-los para fora, esterçando o volante todo para o lado. Lembre-se que basta apenas um pneu ter alcançado o TWI para que o veículo já esteja irregular. E, na hora da troca do pneu, valem as duas regras de ouro:
1- sempre fazer a reposição dos pneus em pares no mesmo eixo
2- colocar os compostos novos no eixo traseiro.
Palhetas
De longe, o item mais fácil de ser checado é, muitas vezes, o mais ignorado pelos motoristas — especialmente em épocas de poucas chuvas. Verificar o desgaste delas é simples: molhe o vidro, ou use o próprio lavador do para-brisas, e veja se elas estão limpando a superfície corretamente, de ponta a ponta, sem vibrações ou ruídos.
É possível também verificar o desgaste da borracha visualmente, erguendo os braços dos limpadores e procurando por partes da borracha ressecadas ou faltando. Não há um prazo exato para a vida útil das palhetas, mas em carros que ficam a maior parte do tempo no sol e com pouco uso dos limpadores elas normalmente duram um ano.
Levantar os braços e checar os danos ou mesmo para trocá-las é simples na maioria dos carros, mas nos modelos mais modernos pode ser necessário colocá-las em modo de serviço (também chamado de manutenção ou neve), quando o sistema levanta os dois braços até eles ficarem perpendiculares à base. Isso acontece porque, em nome da aerodinâmica, os limpadores estão ficando cada vez mais próximos (e ocultos pelo) do capô, e nem sempre dá para erguer os braços sem que eles encostem na chapa.
O tal modo de serviço é acionado de diferentes maneiras nesses veículos, e podem exigir até o acesso dessa função específica pelo sistema multimídia. Na maioria deles, porém, acionar o recurso é simples: basta dar um toque na alavanca que aciona o limpador do para-brisas com o veículo no modo acessório e motor desligado. Na dúvida, já sabe: consulte o manual.
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